«Gingo biloba», de Johann Wolfgang von Goethe
Este poema, que Goethe dedicou a Marianne von Willemer, foi redigido em 27 de setembro de 1815. Em 1819, viria a integrar a obra West-östlichen Divan.
A adaptação à língua portuguesa do poema «Gingo biloba» (segundo a grafia adotada por Goethe), abaixo apresentada, é da minha responsabilidade.
Gingo biloba
Dieses Baum‘s Blatt, der von Osten
Meinem Garten anvertraut,
Gibt geheimen Sinn zu kosten,
Wie’s den Wissenden erbaut.
Ist es Ein lebendig Wesen?
Das sich in sich selbst getrennt,
Sind es Zwei? die sich erlesen,
Daß man sie als Eines kennt.
Solche Frage zu erwiedern
Fand ich wohl den rechten Sinn;
Fühlst du nicht an meinen Liedern
Daß ich Eins und doppelt bin?[1]
(27. September 1815)
[1] GOETHE, Johan Wolfgang von – West-östlichen Divan. Original Ausgabe. Wien ; Stuttgart : Carl Urmbruster ; Gotha’schen Buchhandlung, 1820, p. 125.
Gingo biloba
A folha desta árvore,
Que do Oriente chegou,
O segredo que encobre,
Foi ao sábio que o revelou.
Será ela um ser único
Que em dois se dividiu?
Serão dois que, por último,
O Amor para sempre uniu?
Escrevendo estes versos,
O seu sentido desvelei:
Não sentes tu, nos meus cantos,
Que sempre uno e duplo serei?
(27 de setembro de1815)
Ginkgo Biloba : EU SOU a árvore que Goethe cantou (Cap. VIII : VERÃO)
TEXTO LITERÁRIO (a partir dos 12 anos de idade)
SINOPSE
Uma árvore da espécie Ginkgo biloba conta retrospetivamente a história da sua vida terrena, que inicia na segunda metade do século XVIII.
É uma vida repartida entre um jardim situado nos arredores da cidade de Xangai, no Império Chinês; uma estufa, algures no continente europeu; e um parque da cidade de Heidelberga, no grão-ducado de Baden.
É nesse parque que Johann Wolfgang von Goethe a descobre, para a imortalizar num poema, composto em setembro de 1815.
Para uma árvore, habituada a ter as suas raízes bem presas à terra donde brotou, o percurso aqui descrito corresponde a uma vida cheia de atribulações.
Mas são precisamente essas mudanças involuntárias que lhe permitem descobrir o valor da Amizade, meditar na Vida e sondar o profundo mistério que a procura em si mesma encerra…
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