Júlio Dinis e Gomes Coelho (12 de setembro de 1871)


Eu ainda era uma jovem adolescente quando, por um mero acaso, descobri o túmulo de Joaquim Guilherme Gomes Coelho – mais conhecido por Júlio Dinis –, falecido a 12 de setembro de 1871, ou seja, há cento e cinquenta e três anos.

Foi num sábado de tarde que deparei com a simples campa do autor d’As Pupilas do Senhor Reitor, no cemitério de Agramonte, na cidade do Porto. Havia já algum tempo que eu me acostumara a parar junto desta ou daquela laje, para ler as inscrições tumulares, depois de ter visitado a sepultura de um familiar próximo. Era um ritual semanal, que eu praticava todos os sábados, e que me dava sempre que pensar. No entanto, a descoberta desse epitáfio, que me revelou a última morada terrena do meu escritor preferido, foi verdadeiramente surpreendente! Nesse tempo, eu já conhecia bem a obra de Júlio Dinis, mas desconhecia quase por completo a sua biografia. E daí a minha perplexidade: era como se o autor – que eu só conhecia do universo ficcional que ele criara – tivesse conseguido transpor a barreira da ficção, para vir materializar-se ali, à minha frente, no mundo real. Contudo, essa materialização trazia consigo um sabor amargo…


Fernanda Alves Afonso Grieben

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Sou pintora, originária do Norte de Portugal, mas resido atualmente na Alemanha. Também gosto de escrever textos literários, sobretudo para a infância. Faço-o, principalmente, para mim própria. No entanto, alegro-me sempre que encontro uma possibilidade de partilhar a minha escrita com as demais crianças, de todas as idades. Sou Mestre em Teologia (UCP); Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas – variante de Estudos Portugueses e Doutorada em Estudos Portugueses, na especialidade de Literatura Portuguesa (UAb).

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