Amores-perfeitos


Minha mãe começou por denominá-las violetas. Alguns minutos depois, porém, explica-me que também são conhecidas pelo nome amores-perfeitos e, apontando para uma delas, esclarece:
– Aquela ali… a de cor roxa…, vês?, essa é que é a verdadeira violeta. As outras são cruzadas, por isso, há amores-perfeitos de muitas cores.
Eu tinha nessa altura seis anos de idade e estava apaixonada por flores, desde sempre. Gostava, naturalmente, do odor; mas o que nelas me fascinava, verdadeiramente, era a cor. Ainda me lembro muito bem do profundo contentamento que sentia ao observar, pormenorizadamente, os diferentes tons de cor de que se podiam revestir as pétalas de uma única flor. E, de seguida, de olhos fechados, ao desafiar a minha memória visual, certificando-me de que era capaz de reter todos esse tons, que iam variando ao longo do dia, consoante a maior ou menor intensidade da luz solar… Então, um simples canteiro de jardim, onde as mais variadas flores se encontravam plantadas juntas, transformava-se, só para mim, num jardim mágico. Uma magia que nunca se apagou, na minha vida, até os dias de hoje.


Fernanda Alves Afonso Grieben

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Sou pintora, originária do Norte de Portugal, mas resido atualmente na Alemanha. Também gosto de escrever textos literários, sobretudo para a infância. Faço-o, principalmente, para mim própria. No entanto, alegro-me sempre que encontro uma possibilidade de partilhar a minha escrita com as demais crianças, de todas as idades. Sou Mestre em Teologia (UCP); Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas – variante de Estudos Portugueses e Doutorada em Estudos Portugueses, na especialidade de Literatura Portuguesa (UAb).

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