José Régio: «Mas meu canto é amor universal»


Que eu sou só um – meu canto não n-o é!

Meu canto arde na fé que nada mata,

E eu luto com a minha fé.

Eu, quer ame quer não, – sou pessoal.

Mas meu canto é amor universal

Que excede tudo quanto é nosso.

Meu canto perdoa aos a quem eu não posso,

Ama a quem amo e a quem odeio,

Não cabe em mim, rasga-me o seio,

Mata-me!, – para se elevar.

Na letra do meu canto é só de mim que falo.

Mas o meu canto diz tudo que a todos calo,

Sabe tudo que ignoro,

Condiz com tudo que me espanta…

Que o meu canto só canta!

                      

José Régio

RÉGIO, José – Mas Deus é Grande. 2aed. Lisboa: Portugália, 1961, p. 82.



Fernanda Alves Afonso Grieben

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Sou pintora, originária do Norte de Portugal, mas resido atualmente na Alemanha. Também gosto de escrever textos literários, sobretudo para a infância. Faço-o, principalmente, para mim própria. No entanto, alegro-me sempre que encontro uma possibilidade de partilhar a minha escrita com as demais crianças, de todas as idades. Sou Mestre em Teologia (UCP); Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas – variante de Estudos Portugueses e Doutorada em Estudos Portugueses, na especialidade de Literatura Portuguesa (UAb).

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