O que dizem os Outros… E o que pensas Tu?


Neste mar em que todos nós navegamos, nem sempre é fácil adquirir a bússola certa, que nos oriente, e nos encaminhe a porto seguro. E, no entanto, essa aquisição depende, unicamente, de nós, da nossa vontade própria. Nem a rajada de vento contrário – por mais forte que seja – nem a onda de mar –  por mais assustadora que se afigure – poderão, em tempo algum, opor-se à nossa firme vontade de adquirir essa bússola interior.

Neste mar em que todos nós navegamos, porém, surgem sempre vozes que – com o objetivo de silenciar a nossa própria voz e abafar o nosso próprio pensamento – se apresentam como ‘bússolas orientadoras’ da nossa própria navegação. São os ‘gurus’, os líderes deste ou daquele movimento, em cujo ideário os sequazes deveriam encontrar a sua identidade perdida, deixando de escutar a sua própria consciência.

Jesus não é, seguramente, um desses ‘gurus’ que – em todos os tempos – usam sempre os mesmos esquemas manipulativos para silenciar a consciência dos seus sequazes, para os convencer de que não têm direito ao seu próprio pensamento. Antes pelo contrário – como se pode ler nas passagens bíblicas abaixo transcritas –, depois de ter perguntado: “Quem dizem os homens que Eu sou?”, Jesus dá voz aos seus discípulos – estimulando-os a exprimir a sua própria opinião, a consultar a sua própria consciência –, questionando-os: “E vós, quem dizeis que Eu sou?”. É exatamente neste ponto fundamental que Jesus se distingue dos falsos profetas, ou de qualquer ‘guru’. Jesus não pretende ser – para nenhum dos seus discípulos –  quem os “outros”, ou “as multidões”, dizem que ele é. Cada um deles terá de descobrir, individualmente, quem é Jesus para si próprio. Terá direito ao seu próprio pensamento, e terá uma voz para o exprimir. É um ser livre!


Jesus partiu com os discípulos para as aldeias de Cesareia de Filipe. No caminho, fez aos discípulos esta pergunta: “Quem dizem os homens que Eu sou? “Disseram-lhe: “João Baptista; outros, Elias; e outros, que és um dos profetas.”

“E vós, quem dizeis que Eu sou?” – perguntou-lhes. Pedro tomou a palavra, e disse: “Tu és o Messias.” Ordenou-lhes, então, que não dissessem  isto a ninguém (Mc 8,27-30).


Ao chegar à região de Cesareia de Filipe, Jesus fez a seguinte pergunta aos seus discípulos: “Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?” Eles responderam: “Uns dizem que é João Baptista; outros, que é Elias; e outros, que é Jeremias ou algum dos profetas. “Perguntou-lhes de novo: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Tomando a palavra, Simão Pedro respondeu: “Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo.”

[…] Depois, ordenou aos discípulos que a ninguém dissessem que Ele era o Messias (Mt 16,13-16.20).


Um dia, quando orava em particular, estando com Ele apenas os discípulos, perguntou-lhes: “Quem dizem as multidões que Eu sou?” Responderam-lhe: “João Baptista; outros, Elias; outros, um dos antigos profetas ressuscitado.” Disse-lhes Ele: “E vós, quem dizeis que Eu sou?” Pedro tomou a palavra e respondeu: “O Messias de Deus.”

Ele proibiu-lhes formalmente de o dizerem fosse a quem fosse; […] (Lc 9,18-21).


Fernanda Alves Afonso Grieben

[email protected]

Sou pintora, originária do Norte de Portugal, mas resido atualmente na Alemanha. Também gosto de escrever textos literários, sobretudo para a infância. Faço-o, principalmente, para mim própria. No entanto, alegro-me sempre que encontro uma possibilidade de partilhar a minha escrita com as demais crianças, de todas as idades. Sou Mestre em Teologia (UCP); Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas – variante de Estudos Portugueses e Doutorada em Estudos Portugueses, na especialidade de Literatura Portuguesa (UAb).

No Comments

Post a Comment