Personagens de Ficção: Álvaro Silvestre
Personagem do romance Uma Abelha na Chuva, de Carlos de Oliveira
Resumo: A personagem Álvaro Silvestre, do romance Uma Abelha na Chuva, de Carlos de Oliveira, desempenha, na economia da narrativa, o papel de personagem principal, ainda que não possua características de excecionalidade que a distingam das restantes personagens do romance. Desenhada segundo os moldes de uma estética neorrealista, o lavrador Silvestre é, contudo, uma personagem que revela traços psicológicos muito próprios, que o seu criador sabe explorar de forma exemplar, do ponto de vista discursivo, aproximando-a, em certos momentos, da concepção de personagem segundo o Bildungsroman. Assim, será partindo destes pressupostos que este breve estudo se propõe acompanhar de perto o percurso conflituoso de um homem-criança que tenta desvendar o seu lugar no mundo.
Palavras-chave: Personagem de ficção; Carlos de Oliveira; Uma Abelha na Chuva; Estética Neorrealista.
1. A personagem Álvaro Silvestre. Sendo uma personagem neorrealista, Álvaro Silvestre representa um tipo social, caracterizado pelas atividades profissionais que desempenha: as de “comerciante e lavrador” (OLIVEIRA, C., 2001: 6). Na qualidade de descendente de lavradores ricos, representantes da burguesia agrária (cf. id.: 23), Álvaro é identificado, primeiro de tudo, com a classe social a que pertence, ou seja, ele é “O lavrador Silvestre” (id.: 93).
1.1 Apresentação. Logo no incipit, um narrador heterodiegético, que abre o relato entrando diretamente na representação da história, começa por apresentar o lavrador Silvestre como um sujeito anónimo que tem “o seu quê de invulgar”, como sendo um “certo viajante” que termina, em Corgos, uma “árdua jornada”, realizada “por maus caminhos” (cf. id.: 1). Esta caminhada, feita numa “tarde invernosa de Outubro” (ibid.), até poderia tomar as dimensões de uma peregrinação de carácter ético-religioso, quando se desvelam as intenções que a motivaram, não fosse o caminhante ter entrado no “Café Atlântico” para beber sofregamente “um brandy” (cf. id.: 2), antes de se dirigir à “redação da Comarca de Corgos” (id.: 3), onde entrega, escrita numa folha de papel – “a tinta verde” –, uma “confissão pasmosa” (cf. id.. 6) – que deveria ser “um acto público de contrição” (id.: 8) –, que ele desejava ver publicada – na primeira página –, no próximo número daquele jornal (cf. id.: 9). Será a leitura desse documento (cf. id.: 6-7), feita pelo “Medeiros, director da Comarca” (id.: 5), que irá revelar a identificação daquele que começa por ser um sujeito anónimo:
Eu, Álvaro Rodrigues Silvestre, comerciante e lavrador no Montouro, freguesia de S. Caetano, concelho de Corgos, juro por minha honra que tenho passado a vida a roubar os homens na terra e a Deus no céu, […].
Para alguma salvaguarda juro também que foi a instigações de D. maria dos Prazeres Pessoa de Alva sancho Silvestre, minha mulher, […].
A remissão começa por esta confissão ao mundo. Pelo Padre, pelo Filho, pelo Espírito santo, seja eu perdoado e por quem mais me puder fazer (id.: 5-6).
Esta confissão identifica um homem que, em determinada altura da sua vida, sente a consciência pesada: “Depois é o diabo andar com estas coisas cá dentro. A pesar, a moer” (id.: 9), e deseja ser perdoado. Apresenta-se como um homem temente a Deus: “ É preciso ter em dia as contas com Deus e com os homens. Sobretudo com Deus” (id.: 8), para quem, no entanto, o sacramento da reconciliação não é suficiente para o liberar da culpa, para lhe aliviar a consciência pesada: “Estou confessado, mas não chega. Pensei bastante no assunto e o padre Abel não chega” (id.: 9). Pela forma como o lavrador Silvestre pergunta insistentemente: “Quanto me leva afinal?” (id.: 10), ignorando os argumentos do Medeiros, que tenta persuadi-lo a não publicar a confissão, poder-se-ia concluir que Álvaro possui uma vontade determinada e uma consciência ética inabalável. No entanto, tal imagem, acerca desta personagem, depressa se apaga, quando na linearidade da construção narrativa em que o universo diegético é modelado, algumas proposições após esta pergunta resoluta, o leitor depara com o lavrador Silvestre a afirmar, pensando, apavorado, na sua mulher: “Se ela o soubesse agora e me impedisse a confissão é que era um entalanço” (id.: 11). Este temor da mulher revela-se, pois, superior à sua consciência ética; superior, mesmo, ao temor de Deus. E com a esconjura que logo de seguida profere: “O diabo seja surdo. Surdo e cego”, Álvaro apresenta-se, ele próprio, ao leitor, como um homem supersticioso e fraco, que acredita que a sua mulher representa na sua vida uma força diabólica, inultrapassável.
1.2 Caracterização. O narrador heterodiegético, que rege a perspetiva narrativa adotando uma posição de transcendência em relação aos factos e às personagens, descreve, no início da narrativa, a personagem Álvaro Silvestre, salientando-lhe as suas características exteriores mais relevantes: “um homem gordo, baixo, de passo molengão” (id.: 1). Já no segundo capítulo, porém, o narrador heterodiegético institui a focalização a partir do campo de consciência de uma personagem, o jornalista Medeiros. Desta forma, à análise das feições exteriores de Álvaro se alia também uma apreciação do seu caráter, por parte de outrem:
Encarou de novo o rosto gordo do lavrador do Montouro. Feições paradas, sonolentas. Havia porém um ar de seriedade naqueles olhos ágeis, na linha branda da boca, no beiço levemente caído, na cinza das têmporas, que impedia o jornalista de concluir no íntimo, decisivamente: é um imbecil; […].
Ao longo da narrativa, o rosto – físico e psicológico – do lavrador Silvestre vai-se tornando cada vez mais nítido para o leitor, através das descrições que dele fazem outras personagens e dos juízos de valor que as mesmas emitem, mas também através da forma como a própria personagem, Álvaro, que se torna, frequentemente, agente de uma focalização interna, se vê e julga. Desta forma, é facultada ao leitor uma visão do mundo interior do lavrador Silvestre, que se irá espelhar nos registos subjetivos inscritos no enunciado narrativo. Álvaro é, assim, uma personagem, cujo rosto o leitor vai desvelando, gradualmente, durante o ato de leitura, ainda que o lavrador Silvestre seja uma personagem que não evolui do ponto de vista psicológico, nem demonstre grande capacidade de surpreender o leitor, já que os seus atos se tornam, na realidade da ficção, cada vez mais previsíveis e explicáveis, à medida que os eventos são relatados.
1.3 Da alma velha à alma nova. Álvaro Silvestre é um ser conflituoso, que apresenta uma dupla personalidade. Os seus comportamentos, que se regem por forças antagónicas, variam de situação para situação, consoante a alma a que se subordinam. Na realidade, o lavrador Silvestre possui duas almas.
Em todo o caso, alguma coisa de dúbio passava da alma velha à alma nova. O que é, transformava-se-lhe o medo em cálculo, o terror religioso cedia o passo a uma crença firme e sem complicações na generosidade divina, que existe para tudo cobrir com o seu manto de perdão. E o remorso lá estava, mas encaroçado. Um quisto à margem do organismo em que se enconcha (id.: 110).
As transformações anímicas por que Álvaro Silvestre passa são uma constante na sua vida, que se apresenta dividida entre a consciência e a inconsciência dos seus atos.
1.4 O determinismo na vida de Álvaro Silvestre. As influências que predominam na vida de Álvaro Silvestre – influência do catolicismo, influência do pai, influência da mulher, influência do álcool – determinam a sua existência, condicionam o seu livre arbítrio, transformando-o num ser dependente, dominado por medos.
1.4.1 A vida: infância e adultez. Na perspetiva de sua mulher, Álvaro é um ser humano que, apesar da idade que tem, ainda não foi capaz de atingir a maturidade. É uma “criança de cinquenta anos” (id.: 17) que passa “do medo à grosseria, da grosseria ao desalento”, porque é um “louco” (cf. id.: 78), um “bêbado” (id.: 72), um “labrego” (id.: 83), por isso, “tem de se lhe dar o devido desconto” (id.:17). A fraqueza de caráter torna-o inconstante e inconsequente, faz dele um homem “viscoso” que “nem coragem tem de ser ganancioso”, que tudo faz “para saciar a cobiça, o justo e o injusto, mas depois cobre-lhe a alma a lepra do remorso e corre à igreja, ao confessionário, às penitências” (cf. id.: 25).
1.4.2 Vida natural.
A terra mal desanoitecia ainda, mas viu-a por um segundo respirar o ar transfigurado das manhãs infantis. Tudo lhe pareceu cândido e simples como outrora, quando na concha do céu e claridade nascia com a sua brancura de espuma. E pôs-se a imaginar nas ramadas das árvores o despertar das asas; na ausência humana o canto das últimas vindimadeiras; a paciência corpulenta dos bois nos chãos lavrados; na sua própria boca azedada de brandy a frialdade pura da água (id.: 99).
Recordar a infância é, para o lavrador Silvestre, regresso às origens, ao tempo em que a terra pulsava de vida, e a felicidade consistia, para ele, em sentir que fazia parte dessa vida natural. Por isso, esse é o refúgio que ele, em pensamento, preferencialmente elege. No seu mundo interior, essa faceta despreocupada e feliz da sua infância é um centro, o ponto de equilíbrio entre as forças desordenadas do seu espírito enfraquecido. Nessas memórias de um passado que a sua imaginação torna presente, prevalece o elemento água. Símbolo de vida e regeneração, a água perpassa o mundo interior do lavrador Silvestre, que anseia, também ele, sentir-se regenerado, purificado.
1.4.3 Vida artificial. À vida natural da infância opõe-se a vida artificial que o presente oferece ao lavrador Silvestre. É uma vida pautada por compromissos sociais, por relações artificiais, geradas pelo medo da relação humana, pela falta de confiança no género humano. Uma desconfiança que o pai lhe foi incutindo desde tenra idade:
À génese destas grandes transformações não era estranho o espectro da miséria que o pai lhe metera pelos olhos apavorados desde a infância, porque muita da fereza que o empedernia, da ganância cíclica que o empolgava, vinha daí dessa longa lição individualista de o homem é o lobo do homem e, portanto, entre devorar e ser devorado, o melhor é ir aguçando os dentes à cautela (id.: 110-111).
A artificialidade da vida do lavrador Silvestre tem, pois, como principal fundamento, o medo, acima de tudo, o medo da miséria (cf. 106-108). É contra a miséria que ele luta, desesperadamente, toda a sua vida. Uma luta travada, dramaticamente, a nível da sua consciência cíclica.
1.4.4 A morte. “Vida e morte o que são?” (id.: 57) Eis a grande a questão que ocupa a mente de Álvaro Silvestre, que se atira ao brandy “para não gritar” (cf. id.: 58), pois esta é uma questão assustadora (cf. id.: 68) que o persegue “desde longa data”, porque a morte significa ausência de “ar e luz” – dois elementos que o lavrador Silvestre quer preservar depois de morto, por isso, está decidido a mandar fazer um jazigo, por cuja porta gradeada entre “a réstia de sol, a lufada de vento, o cheiro caricioso das terras no outono” (cf. id.: 62). Queria preservar na morte o que há muito não tinha na sua vida, porque se sentia incapaz de “arrombar o quarto sufocante em que jazia” (id.: 108).
O lavrador Silvestre reconhece a imagem da morte na imagem de sua mulher. Ela mesma é a morte que “entrara disfarçada na sua própria casa”, ainda que seja a mulher que ele ama “apesar de tudo”, apesar de ela lhe insinuar “dia a dia a miséria de viver” (cf. id.: 72-73) uma vida assombrada por fantasmas: os fantasmas dos nobres Pessoas, que, dos retratos pendurados nas paredes do seu escritório, o observam ameaçadores, “com um chicote implacável”, com o “orgulho de velhos senhores” (cf. id.: 76); e o fantasma do pai, que parece fitá-lo de um retrato que o mostrava ainda “mais à flor da vida do que os Alvas”, para lhe gritar: “sabes o que é a miséria, rapaz? […] que te hei-de eu fazer, alma danada?” (cf. id.: 106).
2. A colmeia dos Silvestres. A casa dos Silvestres, onde se desenrola a maior parte da ação do romance – Uma Abelha na Chuva –, é uma casa fria, desconfortável…
A casa, toda ela, gelava. Porém, no escritório do marido, na sala de jantar, fora possível conseguir um mínimo de aconchego, à custa de tapetes e móveis. No quarto, não. Talvez de estar virado ao norte, porque do norte se a chuva é grossa o vento é forte, opinião de D. Violante, embora eu tenha razões melhores (ou piores) para explicar esta gelidez (id.: 79-80).
É uma casa que não é um lar. É um lugar onde pessoas se cruzam sem se tocarem. O que nela falta, sobretudo, é o calor humano.
2.1 As abelhas. O casal Silvestre, formado por Álvaro e Maria dos Prazeres, mantém uma relação pessoal doentia que também se espelha na forma como cada um deles se relaciona socialmente sob o seu próprio teto, seja com o seu cocheiro, Jacinto (cf. id.: 19), seja com os amigos que frequentam a casa, D. Violante e padre Abel (cf. id.: 41), D. Cláudia e dr. Neto (cf. id.: 51). Este conjunto de pessoas corresponde, simbolicamente, ao “enxame” que, com o passar dos anos, foi apodrecendo (cf. id.: 177-178), porque as relações que mantêm entre si são também elas “podres”: todas essas pessoas vivem de aparências – que não coincidem com a realidade das suas vidas –, mantendo relações que subsistem pela insinceridade (cf. 59-60).
Álvaro Silvestre representa uma abelha débil, de vontade desvigorada, que tem a vida destruída pelo álcool (cf. id.: 61), porque, na colmeia, “o destino dos machos é a morte” (id.: 90). A sua mulher, Maria dos Prazeres, é a abelha rainha. É ela que detém o poder nas suas mãos – mãos frias, cerradas, firmes e determinadas. São mãos que simbolizam a nobreza de sangue (cf.: 20), o poder sociocultural e político. Talvez seja essa a razão por que o casal Silvestre não tem filhos (id.: 93), não deixará descendentes. A linhagem que Maria dos Prazeres representa não tem futuro, é uma espécie em vias de extinção. Assim sendo, também o seu matrimónio com Álvaro Silvestre – um representante da burguesia – pode ser posto em questão, enquanto instituição… Pretenderá Carlos de Oliveira fazer corresponder, simbolicamente, esta instituição a uma outra: o Estado Novo?
2.2 O mel e o fel.
O reflexo trémulo das chamas batia-lhes no rosto e desfigurava-os: os olhos do padre muito mais encovados, a cana do nariz mais torta e luzidia; as bochechas da D. Violante inchadas como se tivesse a boca cheia de ar; uma recôndita sensualidade nos lábios de D. Maria dos Prazeres; a palidez de Álvaro Silvestre a resvalar no amarelo de cidra e idiotia. A D. Cláudia, não: incorruptível, pura, a mesma; não lhe toca o lume (nem a sombra) que os deforma e se ela, alma de mel translúcido, escapa ao sortilégio é que a alma dos outros não tem a mesma transparência.
[…] vê-los desfigurados é vê-los verdadeiros; todos eles fabricam fel; abelhas cegas, obcecadas (id.: 169-170).
Na colmeia dos Silvestres as abelhas fabricam fel, porque não são transparentes: são abelhas cegas, obcecadas. Mas, cegas, em relação a quê? São cegas em relação à pureza e incorruptibilidade de uma alma de mel translúcido como a de D. Cláudia, a quem um “instinto profundo, a que não dava nome, avisava […] de que em tudo havia uma crueza que era melhor não desvendar” (id.: 51-52). Só o sonho imaginário era capaz de asfixiar essa mesma crueza que também existia dentro de D. Cláudia, porque a vida – a vida real –, essa não se pode asfixiar. Por isso, só o “puro amor”, que não se concretiza materialmente, é incorruptível – uma lição extraída da vida das abelhas, “ bichinhos sábios comedores de pólen”, como dizia o dr. Neto, que tinha “uma filosofia nascida de três ou quatro jeiras de quintal, assente em realidades vivas, botânicas e animais, porque o dr. Neto amava a realidade […]” (cf. 52-54).
Conclusão. Numa “tarde invernosa de outubro”, uma abelha não voa da colmeia. Se, porém, o faz, está a praticar um ato imprudente, com o qual contraria o seu instinto de sobrevivência e conservação da espécie. Que força maior a tal a obriga? É esta a questão à qual Carlos de Oliveira procura dar resposta ao longo das 180 páginas do seu romance, Uma Abelha na Chuva.
Nesta narrativa literária, Álvaro Silvestre assume o papel de personagem principal, mesmo que não possua características de excecionalidade que a distingam das restantes, através do seu atuar, na sucessão dos eventos. O lavrador Silvestre é só um lavrador, um comerciante, que vive com a consciência pesada, por praticar atos desonestos de roubo sob a influência de sua mulher – que o domina psicologicamente.
Álvaro é um ser conflituoso, que vive entre dois mundos: um mundo interior, o dos seus pensamentos e desejos, em que prevalecem as memórias da infância, de uma vida natural e simples, que se encontra, hoje, ameaçada pelas imagens fantasmagóricas dos antepassados já mortos, mas que se afiguram ainda vivos, porque os seus retratos estão pendurados nas paredes que rodeiam Álvaro Silvestre; e um mundo exterior, o da vida social, artificial, de uma realidade que para ele se torna cada vez mais insuportável, e que ele afoga com o álcool.
O lavrador Silvestre é uma vítima que vitima, porque a sua fraqueza é destruidora: da sua própria vida e da vida alheia. Por isso, no universo diegético, os atos desta personagem assemelham-se a um remoinho de água que sorve a vida e se transforma em mar ou poço de morte. Álvaro é uma abelha na chuva, destinada a morrer, porque voa da colmeia, da Cidade Verde, num dia chuvoso de Outono. E, no entanto, esse voo fora planeado por ele, calculado e desejado:
Que o levara a Corgos? Um dos impulsos a que o remorso o induzia, que só a humilhação acalmava. Sem dúvida. Mas o fim real da confissão na Comarca era arrasar o orgulho da mulher: juro também que foi a instigações de D. Maria dos Prazeres Pessoa de Alva Sancho Silvestre que andei de roubo em roubo, ao balcão, nas feiras, na soldada dos trabalhadores, na legítima de meu irmão Leopoldino. Ligá-la mais a si, ficarem os dois juntos na desonra, já que o não estavam noutras coisas. Depois disso muita chuva caíra (id.: 104-105).
Efetivamente, muita chuva caíra, depois desta tentativa, frustrada, de redimir uma relação que nunca teve futuro. A “confissão” que Álvaro Silvestre redigira a tinta verde estava predestinada a ter o mesmo fim que teria a abelha que voou da Cidade Verde, no desfecho.
BIBLIOGRAFIA
Fonte
OLIVEIRA, Carlos de – Uma abelha na chuva, 26.a ed., Lisboa, Livraria Sá da Costa, 2001.
Estudos
BODE, Christoph (2011, 2005) – Der Roman, 2. Aufl., Tübingen; Basel, A. Franke, [coleção UTB].
BUTOR, Michel – “Le roman comme recherche” in Essais sur le roman, Paris, Gallimard, 1969, pp. 7-14.
HAMON, Philippe – Le personnel du roman, Genève, Droz, 1998, pp. 28-38.
HUTCHEON, Linda – A poetics of Postmodernism: History, Theory, Fiction, New York; London, Routledge, 2005.
TADIÉ, Jean-Yves – O romance no século XX, Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1992, pp. 39-82.
VALETTE, Bernard – Esthétique du roman moderne, s/l, Editions Nathan, 1993, pp. 110-130.
ZOLA, Émile – Le roman expérimental, Paris, Garnier-Flammarion, 1971, pp. 75-80.
O estudo aqui apresentado foi elaborado em 2012, no âmbito do Curso de Doutoramento em Estudos Portugueses (UAb), para a disciplina Literatura Portuguesa Moderna e Contemporânea, ministrada pela Prof. Doutora Maria do Rosário Cunha.
No Comments