Ginkgo Biloba (VI)
EU SOU a árvore que Goethe cantou
Despedida
Chegou o momento da despedida.
E como é triste a separação de um Amigo!
Eu conhecia bem esse sentimento constrangedor, capaz de dominar o meu ser até às raízes.
Mas, de todas as vezes, era como se fosse completamente novo: quando deixei a minha terra, ficou nela uma parte de mim; ao separar-me da aragem, foi como se um vazio invadisse a minha alma; e, agora, era o silêncio.
Era como se as palavras sofressem comigo, ou tivessem finalmente entendido a limitação do seu poder…
Nos últimos dias, tínhamos recebido visitas de diversos seres humanos e, através dos seus diálogos, compreendêramos que o destino nos iria levar para lugares muito distantes uns dos outros.
A esperança de um dia nos voltarmos a encontrar dissipara-se por completo.
As árvores da espécie Ginkgo biloba eram uma raridade na Europa, onde agora nos encontrávamos. Por isso, nós iriamos ser plantadas, individualmente, nos principais parques ou jardins de diferentes cidades europeias. E milhares, milhares de quilómetros de separação permaneceriam entre nós, até o fim da nossa existência, enquanto árvores deste planeta…
Quando finalmente me levaram para fora da estufa, as minhas Amigas, árvores Ginkgo, desejaram-me boa sorte. Eu não consegui dizer nada.
Sorte?! O que era, no final de contas, a sorte?
Num destino que faz com uma árvore o que bem lhe apetece, eu recusava-me a acreditar.
Além disso, para aceitar a existência da sorte, também tinha, logicamente, de aceitar a existência do azar. E esse parecia-me ainda mais ridículo…
Que força exterior a mim seria capaz de controlar a minha própria vida, se a minha vontade se opusesse?
Não, no destino, eu estava decidida a não acreditar!
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